MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.045, DE 27 DE ABRIL DE 2021
Institui o Novo Programa Emergencial de Manutenção do
Emprego e da Renda e dispõe sobre medidas complementares
para o enfrentamento das consequências da emergência de
saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus ( covid-19 ) no âmbito das relações de trabalho.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição,
adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Medida Provisória institui o Novo Programa Emergencial de Manutenção do
Emprego e da Renda e dispõe sobre medidas complementares para o enfrentamento das consequências
da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus ( covid-19 ) no
âmbito das relações de trabalho.
CAPÍTULO II
DO NOVO PROGRAMA EMERGENCIAL DE MANUTENÇÃO DO EMPREGO E DA RENDA
Seção I
Da instituição, dos objetivos e das medidas do Novo Programa Emergencial
de Manutenção do Emprego e da Renda
Art. 2º Fica instituído o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda,
pelo prazo de cento e vinte dias, contado da data de publicação desta Medida Provisória, com os seguintes
objetivos:
I – preservar o emprego e a renda;
II – garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais; e
III – reduzir o impacto social decorrente das consequências da emergência de saúde pública de
importância internacional decorrente do coronavírus ( covid-19 ).
Art. 3º São medidas do Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda:
I – o pagamento do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda;
II – a redução proporcional de jornada de trabalho e de salários; e
III – a suspensão temporária do contrato de trabalho.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
a) aos órgãos da administração pública direta e indireta; e
b) às empresas públicas e sociedades de economia mista, inclusive às suas subsidiárias; e
II – aos organismos internacionais.
Art. 4º Compete ao Ministério da Economia coordenar, executar, monitorar e avaliar o Novo
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e editar normas complementares
necessárias à sua execução.
Seção II
Do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda
Art. 5º Fica criado o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, a ser pago
nas seguintes hipóteses:
I – redução proporcional de jornada de trabalho e de salário; e
II – suspensão temporária do contrato de trabalho.
§ 1º O Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda será custeado com
recursos da União.
§ 2º O Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda será de prestação
mensal e devido a partir da data do início da redução da jornada de trabalho e do salário ou da suspensão
temporária do contrato de trabalho, observadas as seguintes disposições:
I – o empregador informará ao Ministério da Economia a redução da jornada de trabalho e do
salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho, no prazo de dez dias, contado da data da
celebração do acordo;
II – a primeira parcela será paga no prazo de trinta dias, contado da data da celebração do
acordo, desde que a celebração do acordo seja informada no prazo a que se refere o inciso I deste
parágrafo; e
III – o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda será pago exclusivamente
enquanto durar a redução da jornada de trabalho e do salário ou a suspensão temporária do contrato de
trabalho.
§ 3º Caso a informação de que trata o inciso I do § 2º não seja prestada no prazo previsto no
referido dispositivo:
I – o empregador ficará responsável pelo pagamento da remuneração no valor anterior à
redução da jornada de trabalho e do salário ou à suspensão temporária do contrato de trabalho do
empregado, inclusive dos respectivos encargos sociais e trabalhistas, até que a informação seja prestada;
II – a data de início do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda será
estabelecida na data em que a informação tenha sido efetivamente prestada, e o benefício será devido
pelo restante do período pactuado; e
III – a primeira parcela, observado o disposto no inciso II deste parágrafo, será paga no prazo de
trinta dias, contado da data em que a informação tiver sido efetivamente prestada.
§ 4º Ato do Ministério da Economia disciplinará a forma de:
I – transmissão das informações e das comunicações pelo empregador;
II – concessão e pagamento do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda;
e
III – interposição de recurso contra as decisões proferidas em relação ao Benefício Emergencial
de Manutenção do Emprego e da Renda.
§ 5º As notificações e as comunicações referentes ao Benefício Emergencial de Manutenção do
Emprego e da Renda poderão ser realizadas exclusivamente por meio digital, mediante ciência do
interessado, cadastramento em sistema próprio e utilização de certificado digital ICP-Brasil ou uso
de login e senha, conforme estabelecido em ato do Ministério da Economia.
§ 6º O recebimento do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda não
impedirá a concessão e não alterará o valor do seguro-desemprego a que o empregado vier a ter direito,
desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, no momento de
eventual dispensa.
§ 7º O Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda será operacionalizado e
pago pelo Ministério da Economia.
Art. 6º O valor do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda terá como
base de cálculo o valor da parcela do seguro-desemprego a que o empregado teria direito, nos termos do
disposto no art. 5º da Lei nº 7.998, de 1990, observadas as seguintes disposições:
I – na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário, será calculado com a aplicação
do percentual da redução sobre a base de cálculo; e
II – na hipótese de suspensão temporária do contrato de trabalho, terá valor mensal:
a) equivalente a cem por cento do valor do seguro-desemprego a que o empregado teria
direito, na hipótese prevista no caput do art. 8º; ou
b) equivalente a setenta por cento do valor do seguro-desemprego a que o empregado teria
direito, na hipótese prevista no § 6º do art. 8º.
§ 1º O Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda será pago ao empregado
independentemente do:
I – cumprimento de qualquer período aquisitivo;
II – tempo de vínculo empregatício; e
III – número de salários recebidos.
§ 2º O Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda não será devido ao
empregado que esteja:
I – ocupando cargo ou emprego público ou cargo em comissão de livre nomeação e exoneração
ou seja titular de mandato eletivo; ou
II – em gozo:
a) de benefício de prestação continuada do Regime Geral de Previdência Social ou dos regimes
próprios de previdência social, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 124 da Lei nº 8.213, de 24
de julho de 1991;
b) do seguro-desemprego, em quaisquer de suas modalidades; ou
c) do benefício de qualificação profissional de que trata o art. 2º-A da Lei nº 7.998, de 1990.
§ 3º O empregado com mais de um vínculo formal de emprego poderá receber
cumulativamente um Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda para cada vínculo
com redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou com suspensão temporária do contrato
de trabalho.
§ 4º Nos casos em que o cálculo do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da
Renda resultar em valores decimais, o valor a ser pago deverá ser arredondado para a unidade inteira
imediatamente superior.
§ 5ºO empregado com contrato de trabalho intermitente a que se refere o § 3º do art. 443 da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, não faz jus ao Benefício
Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.
Seção III
Da redução proporcional de jornada de trabalho e de salário
Art. 7º O empregador, durante o prazo previsto no art. 2º, poderá acordar a redução proporcional
de jornada de trabalho e de salário de seus empregados, de forma setorial, departamental, parcial ou na
totalidade dos postos de trabalho, por até cento e vinte dias, observados os seguintes requisitos:
I – preservação do valor do salário-hora de trabalho;
II – pactuação, conforme o disposto nos art. 11 e art. 12, por convenção coletiva de trabalho,
acordo coletivo de trabalho ou acordo individual escrito entre empregador e empregado; e
III – na hipótese de pactuação por acordo individual escrito, o encaminhamento da proposta de
acordo ao empregado deverá ser feito com antecedência de, no mínimo, dois dias corridos, e a redução da
jornada de trabalho e do salário somente poderá ser feita com os seguintes percentuais:
a) vinte e cinco por cento;
b) cinquenta por cento; ou
c) setenta por cento.
§ 1º A jornada de trabalho e o salário pago anteriormente serão restabelecidos no prazo de dois
dias corridos, contado da:
I – data estabelecida como termo de encerramento do período de redução pactuado; ou
II – data de comunicação do empregador que informe, ao empregado, a sua decisão de
antecipar o fim do período de redução pactuado.
§ 2º O Poder Executivo, observadas as disponibilidades orçamentárias, poderá prorrogar o prazo
previsto no art. 2º para o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e o prazo
máximo de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário de que trata este artigo, na forma
prevista em regulamento.
§ 3º O termo final do acordo de redução proporcional de jornada e de salário não poderá
ultrapassar o último dia do período estabelecido no art. 2º, exceto na hipótese de prorrogação do prazo
prevista no § 2º.
Seção IV
Da suspensão temporária do contrato de trabalho
Art. 8º O empregador, durante o prazo previsto no art. 2º, poderá acordar a suspensão
temporária do contrato de trabalho de seus empregados, de forma setorial, departamental, parcial ou na
totalidade dos postos de trabalho, por até cento e vinte dias.
§ 1º A suspensão temporária do contrato de trabalho será pactuada, conforme o disposto nos
art. 11 e art. 12, por convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo de trabalho ou acordo individual escrito
entre empregador e empregado.
§ 2º Na hipótese de acordo individual escrito entre empregador e empregado, a proposta
deverá ser encaminhada ao empregado com antecedência de, no mínimo, dois dias corridos.
§ 3º O empregado, durante o período de suspensão temporária do contrato de trabalho:
I – fará jus a todos os benefícios concedidos pelo empregador aos seus empregados; e
II – ficará autorizado a recolher para o Regime Geral de Previdência Social na qualidade de
segurado facultativo.
§ 4º O contrato de trabalho será restabelecido no prazo de dois dias corridos, contado da:
I – data estabelecida como termo de encerramento do período de suspensão pactuado; ou
II – data de comunicação do empregador que informe, ao empregado, a sua decisão de
antecipar o fim do período de suspensão pactuado.
§ 5º Se, durante o período de suspensão temporária do contrato de trabalho, o empregado
mantiver as atividades de trabalho, ainda que parcialmente, por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou
trabalho a distância, ficará descaracterizada a suspensão temporária do contrato de trabalho, e o
empregador estará sujeito:
I – ao pagamento imediato da remuneração e dos encargos sociais referentes a todo o período;
II – às penalidades previstas na legislação; e
III – às sanções previstas em convenção ou em acordo coletivo.
§ 6º A empresa que tiver auferido, no ano-calendário de 2019, receita bruta superior a R$
4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) somente poderá suspender o contrato de trabalho de
seus empregados mediante o pagamento de ajuda compensatória mensal no valor de trinta por cento do
valor do salário do empregado, durante o período de suspensão temporária do contrato de trabalho
pactuado, observado o disposto neste artigo e no art. 9º.
§ 7º O Poder Executivo, observadas as disponibilidades orçamentárias, poderá prorrogar o prazo
previsto no art. 2º para o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e o prazo
máximo de suspensão temporária do contrato de trabalho de que trata este artigo, na forma prevista em
regulamento.
§ 8º O termo final do acordo de suspensão temporária de contrato de trabalho não poderá
ultrapassar o último dia do período estabelecido no art. 2º, exceto na hipótese de prorrogação do prazo
prevista no § 7º.
Seção V
Das disposições comuns às medidas do Novo Programa Emergencial
de Manutenção do Emprego e da Renda
Art. 9º O Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda poderá ser acumulado
com o pagamento, pelo empregador, de ajuda compensatória mensal, em decorrência da redução
proporcional de jornada de trabalho e de salário ou da suspensão temporária de contrato de trabalho de
que trata esta Medida Provisória.
§ 1º A ajuda compensatória mensal de que trata o caput :
I – deverá ter o valor definido em negociação coletiva ou no acordo individual escrito pactuado;
II – terá natureza indenizatória;
III – não integrará a base de cálculo do imposto sobre a renda retido na fonte ou da declaração
de ajuste anual do imposto sobre a renda da pessoa física do empregado;
IV – não integrará a base de cálculo da contribuição previdenciária e dos demais tributos
incidentes sobre a folha de salários;
V – não integrará a base de cálculo do valor dos depósitos no Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço – FGTS, instituído pela Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, e de que trata a Lei Complementar nº
150, de 1º de junho de 2015; e
VI – poderá ser considerada despesa operacional dedutível na determinação do lucro real e da
base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL das pessoas jurídicas tributadas pelo
lucro real.
§ 2º Na hipótese de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário, a ajuda
compensatória prevista no caput não integrará o salário devido pelo empregador e observará o disposto
no § 1º.
Art. 10. Fica reconhecida a garantia provisória no emprego ao empregado que receber o
Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, de que trata o art. 5º, em decorrência da
redução da jornada de trabalho e do salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho de que
trata esta Medida Provisória, nos seguintes termos:
I – durante o período acordado de redução da jornada de trabalho e do salário ou de suspensão
temporária do contrato de trabalho;
II – após o restabelecimento da jornada de trabalho e do salário ou do encerramento da
suspensão temporária do contrato de trabalho, por período equivalente ao acordado para a redução ou a
suspensão; e
III – no caso da empregada gestante, por período equivalente ao acordado para a redução da
jornada de trabalho e do salário ou para a suspensão temporária do contrato de trabalho, contado da data
do término do período da garantia estabelecida na alínea “b” do inciso II do caput do art. 10 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
§ 1º A dispensa sem justa causa que ocorrer durante o período de garantia provisória no
emprego previsto de que trata o caput sujeitará o empregador ao pagamento, além das parcelas
rescisórias previstas na legislação, de indenização no valor de:
I – cinquenta por cento do salário a que o empregado teria direito no período de garantia
provisória no emprego, na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário igual ou superior a vinte
e cinco por cento e inferior a cinquenta por cento;
II – setenta e cinco por cento do salário a que o empregado teria direito no período de garantia
provisória no emprego, na hipótese de redução de jornada de trabalho e de salário igual ou superior a
cinquenta por cento e inferior a setenta por cento; e
III – cem por cento do salário a que o empregado teria direito no período de garantia provisória
no emprego, nas hipóteses de redução de jornada de trabalho e de salário em percentual igual ou superior
a setenta por cento ou de suspensão temporária do contrato de trabalho.
§ 2º Os prazos da garantia provisória no emprego decorrente dos acordos de redução
proporcional de jornada e de salário ou de suspensão de contrato de trabalho de que trata o art. 10 da Lei
nº 14.020, de 6 de julho de 2020, ficarão suspensos durante o recebimento do Benefício Emergencial de
Manutenção do Emprego e da Renda e somente retomarão a sua contagem após o encerramento do
período da garantia de emprego de que trata este artigo.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica às hipóteses de pedido de demissão, extinção do
contrato de trabalho por acordo nos termos do disposto no art. 484-A da Consolidação das Leis do
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, ou dispensa por justa causa do empregado.
Art. 11. As medidas de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou de
suspensão temporária do contrato de trabalho de que trata esta Medida Provisória poderão ser celebradas
por meio de negociação coletiva, observado o disposto no § 1º e nos art. 7º e art. 8º.
§ 1º A convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho poderão estabelecer redução de
jornada de trabalho e de salário em percentuais diversos daqueles previstos no inciso III do caput do art.
7º.
§ 2º Na hipótese prevista no § 1º, o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da
Renda, de que tratam os art. 5º e art. 6º, será devido nos seguintes termos:
I – sem percepção do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda para a
redução de jornada e de salário inferior a vinte e cinco por cento;
II – no valor de vinte e cinco por cento sobre a base de cálculo prevista no art. 6º para a redução
de jornada e de salário igual ou superior a vinte e cinco por cento e inferior a cinquenta por cento;
III – no valor de cinquenta por cento sobre a base de cálculo prevista no art. 6º para a redução
de jornada e de salário igual ou superior a cinquenta por cento e inferior a setenta por cento; e
IV – no valor de setenta por cento sobre a base de cálculo prevista no art. 6º para a redução de
jornada e de salário igual ou superior a setenta por cento.
§ 3º As convenções coletivas ou os acordos coletivos de trabalho celebrados anteriormente
poderão ser renegociados para adequação de seus termos no prazo de dez dias corridos, contado da data
de publicação desta Medida Provisória.
Art. 12. As medidas de que trata o art. 3º serão implementadas por meio de acordo individual
escrito ou de negociação coletiva aos empregados:
I – com salário igual ou inferior a R$ 3.300,00 (três mil e trezentos reais); ou
II – com diploma de nível superior que percebam salário mensal igual ou superior a duas vezes o
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
§ 1º Para os empregados que não se enquadrem no disposto no caput , as medidas de que trata
o art. 3º somente poderão ser estabelecidas por convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, exceto
nas seguintes hipóteses, nas quais se admite a pactuação por acordo individual escrito:
I – redução proporcional de jornada de trabalho e de salário de vinte e cinco por cento, de que
trata a alínea “a” do inciso III do caput do art. 7º; ou
II – redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou suspensão temporária do
contrato de trabalho quando do acordo não resultar diminuição do valor total recebido mensalmente pelo
empregado, incluídos neste valor o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, a
ajuda compensatória mensal e, em caso de redução da jornada, o salário pago pelo empregador em razão
das horas trabalhadas pelo empregado.
§ 2º Para os empregados que se encontrem em gozo do benefício de aposentadoria, a
implementação das medidas de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou suspensão
temporária do contrato de trabalho por acordo individual escrito somente será admitida quando, além do
enquadramento em alguma das hipóteses de autorização do acordo individual de trabalho previstas
no caput ou no § 1º, houver o pagamento, pelo empregador, de ajuda compensatória mensal, observados o
disposto no art. 9º e as seguintes condições:
I – o valor da ajuda compensatória mensal a que se refere este parágrafo deverá ser, no mínimo,
equivalente ao do benefício que o empregado receberia se não houvesse a vedação prevista na alínea “a”
do inciso II do § 2º do art. 6º; e
II – na hipótese de empresa que se enquadre no disposto no § 5º do art. 8º, o total pago a título
de ajuda compensatória mensal deverá ser, no mínimo, igual à soma do valor previsto naquele dispositivo
com o valor mínimo previsto no inciso I deste parágrafo.
§ 3º Os atos necessários à pactuação dos acordos individuais escritos de que trata este artigo
poderão ser realizados por meios físicos ou eletrônicos.
§ 4º Os acordos individuais de redução de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão
temporária do contrato de trabalho, pactuados nos termos do disposto nesta Medida Provisória, deverão
ser comunicados pelos empregadores ao sindicato da categoria profissional no prazo de dez dias corridos,
contado da data de sua celebração.
§ 5º Se, após a pactuação de acordo individual na forma prevista neste artigo, houver a
celebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho com cláusulas conflitantes com as do
acordo individual, deverão ser observadas as seguintes regras:
I – a aplicação das condições estabelecidas no acordo individual em relação ao período anterior
ao da negociação coletiva; e
II – a partir da data de entrada em vigor da convenção coletiva ou do acordo coletivo de
trabalho, a prevalência das condições estipuladas na negociação coletiva, naquilo em que conflitarem com
as condições estabelecidas no acordo individual.
§ 6º Quando as condições do acordo individual forem mais favoráveis ao trabalhador, estas
prevalecerão sobre a negociação coletiva.
Art. 13. A empregada gestante, inclusive a doméstica, poderá participar do Novo Programa
Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, observadas as condições estabelecidas nesta
Medida Provisória.
§ 1º Ocorrido o evento caracterizador do início do benefício de salário-maternidade, nos termos
do disposto no art. 71 da Lei nº 8.213, de 1991:
I – o empregador deverá efetuar a comunicação imediata ao Ministério da Economia nos termos
estabelecidos no ato de que trata o § 4º do art. 5º;
II – a aplicação das medidas de que trata o art. 3º será interrompida; e
III – o salário-maternidade será pago à empregada nos termos do disposto no art. 72 da Lei nº
8.213, de 1991, e à empregada doméstica nos termos do disposto no inciso I do caput do art. 73 da referida
Lei, de forma a considerá-lo como remuneração integral ou como último salário de contribuição os valores
a que teriam direito sem a aplicação das medidas previstas nos incisos II e III do caput do art. 3º.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se ao segurado ou à segurada da previdência social que
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção, observado o disposto no art. 71-A da Lei nº 8.213, de
1991, hipótese em que o salário-maternidade será pago diretamente pela previdência social.
Art. 14. A redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou a suspensão temporária
do contrato de trabalho, quando adotada, deverá resguardar o exercício e o funcionamento dos serviços
públicos e das atividades essenciais de que tratam a Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989.
Art. 15. As irregularidades constatadas pela Auditoria-Fiscal do Trabalho quanto aos acordos de
redução proporcional de jornada de trabalho e de salário ou de suspensão temporária do contrato de
trabalho de que trata esta Medida Provisória sujeitam os infratores à multa prevista no art. 25 da Lei nº
7.998, de 1990.
Parágrafo único. O processo de fiscalização, de notificação, de autuação e de imposição de
multas decorrente das disposições desta Medida Provisória observará o disposto no Título VII da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943, hipótese em que não se
aplica o critério da dupla visita.
Art. 16. O disposto neste Capítulo aplica-se apenas aos contratos de trabalho já celebrados até a
data de publicação desta Medida Provisória, conforme estabelecido em ato do Ministério da Economia.
Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se aos contratos de trabalho de aprendizagem e de
jornada parcial.
Art. 17. O trabalhador que receber indevidamente parcela do Benefício Emergencial de
Manutenção do Emprego e da Renda estará sujeito à compensação automática com eventuais parcelas
devidas de Benefício Emergencial referentes ao mesmo acordo ou a acordos diversos ou com futuras
parcelas de abono salarial de que trata a Lei nº 7.998, de 1990, ou de seguro-desemprego a que tiver
direito, na forma prevista no art. 25-A da Lei nº 7.998, de 1990, conforme estabelecido em ato do Ministério
da Economia.
Art. 18. O tempo máximo de redução proporcional de jornada e de salário e de suspensão
temporária do contrato de trabalho, ainda que sucessivos, não poderá ser superior a cento e vinte dias,
exceto se, por ato do Poder Executivo, for estabelecida prorrogação do tempo máximo dessas medidas ou
dos prazos determinados para cada uma delas, observado o disposto no § 3º do art. 7º e no § 8º do art. 8º.
CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 19. Empregador e empregado poderão, em comum acordo, optar pelo cancelamento de
aviso prévio em curso.
Parágrafo único. Na hipótese de cancelamento do aviso prévio na forma prevista no caput , as
partes poderão adotar as medidas estabelecidas por esta Medida Provisória.
Art. 20. O disposto no art. 486 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei
nº 5.452, de 1943, não se aplica na hipótese de paralisação ou suspensão de atividades empresariais
determinada por ato de autoridade municipal, distrital, estadual ou federal para o enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus ( covid-19 ).
Art. 21. Durante o período de cento e oitenta dias, contado da data de entrada em vigor desta
Medida Provisória, os prazos processuais para apresentação de defesa e recurso no âmbito de processos
administrativos originados a partir de autos de infração trabalhistas e notificações de débito de FGTS, e os
respectivos prazos prescricionais, ficam suspensos.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos processos administrativos que tramitam
em meio eletrônico.
Art. 22. Fica dispensada a licitação para contratação da Caixa Econômica Federal e do Banco do
Brasil S.A. para a operacionalização do pagamento do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego
e da Renda de que trata o art. 5º.
Art. 23. O beneficiário poderá receber o benefício emergencial de que trata o art. 5º na
instituição financeira em que possuir conta poupança ou conta de depósito à vista, exceto conta-salário,
desde que autorize o empregador a informar os seus dados bancários quando prestadas as informações
de que trata o inciso I do § 2º do art. 5º.
§ 1º Na hipótese de não validação ou de rejeição do crédito na conta indicada, inclusive pelas
instituições financeiras destinatárias das transferências, ou na ausência da indicação de que trata o caput ,
a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil S.A. poderão utilizar outra conta poupança de titularidade
do beneficiário, identificada por meio de processo de levantamento e conferência da coincidência de
dados cadastrais para o pagamento do benefício emergencial.
§ 2º Na hipótese de não ser localizada conta poupança de titularidade do beneficiário na forma
prevista no § 1º, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil S.A. poderão realizar o pagamento do
benefício emergencial por meio de conta digital, de abertura automática, em nome do beneficiário, com as
seguintes características:
I – dispensa de apresentação de documentos pelo beneficiário;
II – isenção de cobrança de tarifas de manutenção;
III – direito a, no mínimo, três transferências eletrônicas de valores e a um saque ao mês, sem
custos, para conta mantida em instituição autorizada a operar pelo Banco Central do Brasil; e
IV – vedação de emissão de cheque.
§ 3º É vedado às instituições financeiras, independentemente da modalidade de conta utilizada
para pagamento do benefício emergencial de que trata o art. 5º, efetuar descontos, compensações ou
pagamentos de débitos de qualquer natureza, mesmo a pretexto de recompor saldo negativo ou de saldar
dívidas preexistentes, que impliquem a redução do valor do benefício.
§ 4º Os recursos relativos ao benefício emergencial de que trata o art. 5º, creditados nos termos
do disposto no § 2º, não movimentados no prazo de cento e oitenta dias, contado da data do depósito,
retornarão para a União.
Art. 24. O Secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia editará atos
complementares para a execução do disposto nos art. 22 e art. 23.
Art. 25. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de abril de 2021; 200º da Independência e 133º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Paulo Guedes
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